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sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

O Brasão da Famiglia




Logo abaixo do brasão da família, nesta foto de um documento gentilmente enviada pelo primo Abelardo Ciulla, temos a seguinte inscrição.

Famiglia nobile ed antica, oriunda d’ Austria-Ungheria
Le prime memorie risalgono al 1114 nella città di cervigna
no litorale <Austria>, qual fu fondatore un Josep Ciulla
da lui derivarono 22 rami. Morto Josep Veniva sepolto nele
la chiesa di S.M. Dei Frati in Venezia.

Un ramo passo nel trentino, nella quale sortirono varii
capitani e colonnelli, ed il generale Francesco Ciulla,
morto in campo de battaglia nel 1274.

Un altro ramo fu ai servizi dell’Imperatore Massimiliano,
che con diploma dato a praga il 1-aprile 1371 creo’ nobili
dell’ Impero: Onofrio Ciulla insieme ai suoi discendenti.


Em um primeiro esforço para esmiuçar as informações apresentadas, fiz as seguintes anotações.

“Família nobre e antiga, oriunda da Austria-Ungheria”. Ungheria, em italiano, quer dizer Hungria. O texto parece se referir ao império Austro-Húngaro. No entanto, as datas não batem. Visto que este império só foi aparecer em 1867 e acabou na primeira guerra mundial em 1918.

Segue, “o primeiro registro remonta a 1119 (ou 1114), na cidade de Cervigna no litoral austríaco”. Essa parte é estranha, visto que em 1119 a Áustria ainda não existia. A Áustria só foi aparecer com esse nome em 1475 e o seu território possuía uma pequena faixa de litoral entre as fronteiras com a República de Veneza (697-1797) e o Reino da Hungria. O litoral austríaco aumentou durante os séculos seguintes até ser extinto no final de Primeira Guerra Mundial.

“Um dos fundadores foi Josep Ciulla, do qual derivaram 22 ramos. Ele foi enterrado na igreja M. S. dos Frades em Veneza.” Eu acredito que esse trecho se refira a “ Basílica Santa Maria Gloriosa dei Frari”. Visto que, frade, em italiano, se escreve "frati" e a palavra pode ter sido facilmente confundida com "frari".

“De um dos ramos, em Trentino, se originaram vários capitães e coronéis.” Trentino é uma província no norte da Itália atualmente. Como no documento não especifica uma data é difícil precisar a quem pertencia a região na época. Porém, levando em consideração a data da morte do general que é citado em seguida, eu acredito que a região estava sob o domínio do Sacro Império Romano-Germânico.

“dentre deles Francesco Ciulla, morto em campo de batalha em 1274.” A última e nona cruzada se deu nos anos de 1271 até 1272, portanto esta não foi a provável batalha onde ele perdeu a vida, Mas é perfeitamente possível que este militar tenha sido um cruzado e tenha participado da última cruzada. Como dito anteriormente, a cabeça de um mouro é um emblema que tem relação com as cruzadas e era comumente usado por cavaleiros cruzados. Portando, essa é outra possível explicação para as três cabeças que o brazão da família Ciulla traz em seu escudo.

Outro ponto obscuro no texto. A patente de general só passou a existir nos exércitos da Europa no séc. XVII, mais de 300 anos após a morte de Francesco Ciulla.

Traduzindo, o último parágrafo fica: “Um outro ramo [da família Ciulla] estava a serviço do imperador Massimiliano, esse diploma dado em Praga, no dia 1º abril de 1371 tornou nobres do Império: Onofrio Ciulla e seus descendentes.” Mais uma vez as datas não batem, visto que Massimiliano I, imperador do Sacro Império Romano-Germânico nasceu em 1459 e se tornou imperador em 1486. A casa Habsburgo, a qual pertencia o Imperador Massimiliano, por sua vez, foi fundada no século IX. Esta foi uma das famílias mais influentes da história tendo governado o Sacro Império Romano e a Áustria, dentre outros estados.
Outro ponto importante é que neste ano, Prata estava sob domínio do imperador Charles IV. Enquanto rei da Bohemia e Imperador do Sacro Império Romano-Germânico, Charles IV transformou Praga na capital do império. Na época, a cidade era a terceira maior da Europa, atrás de Roma e Constantinopla.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O significado da cabeça de um mouro na heráldica

A cabeça decaptitada de um mouro é utilizada na heraldica desde o século XIII. O emblema tem conecções com as cruzadas, associando essas famílias com vitórias sobre os mouros.
O símbolo também tem conexão com a dinastia dos Hohenstaufan, a qual governou o Sacro Império Romano Germanico de 1138 até 1254. A dominação pela dinastia dos Hohenstaufen na Sicília teve início com um matrimônio de Estado entre Henrique VI e Constança de Altavilla, filha de Rogério II da Sicília, em 1185.

O imperador Henrique IV mantinha criados africanos negros. Consequentemente, seu filho, Frederico II (1194-1250), que era rei da Sicilia, demonstrava grande interesse nos Muçulmanos negros que permaneceram na Sicilia após a ilha ter voltado ao domínio cristão em 1061. Ele estabeleceu um enclave desses muçulmanos ao lado do seu palácio em Lucera na Itália, e recrutou seus músicos e guarda pessoal dessas comunidades.

Uma explicação para ele ter adotado africanos muçulmanos como seus criados era a sua pretenção de ser visto como um dominador do mundo. A presença dos negros simbolizaria a extenção do seu poder e faria uma relação aos domínios do império romano. Famílias nobres sicilianas teriam adotado a cabeça de um mouro em seu brasão em associação com a dinastia Hohenstaufan.




No século XV, um mouro, com a cabeça coroada ou ocasianalmente de corpo inteiro era comumente encontrado na heráltica alemã. Ainda nesta época, o símbolo se espalhou por quase toda europa como um símbolo heráldico.


No século XVI, a cabeça de um mouro era um símbolo relativamente comum na heráldica européia. Na itália o símbolo era usado especialmente por famílias no norte e no centro da península itálica. Sendo as primeiras aparições encontradas no século XI. Utilizado por famílias como Saraceni of Siena, Morandi de Genoa, Morese de Bologna, Negri de Vicenza e Pagani di Saluzzo. O que sugere que o símbolo era utilizado em referência a similaridade dos nomes com as palavras mouro, saraceno, pagão e negro. No entanto aparece também em brazões de outras famílias contemporâneas, como por exemplo Pucci.

O mouro na arte italiana geralmente é retratado decaptado com os olhos vendado por um pano branco. Diferentemente, na Alemanha, os mouros eram retratados decaptados e usando uma coroa e representariam a vitória sobre os mouros durante as cruzadas. Essas famílias teriam adquirido seus nomes de ancestrais cruzados.


Um exemplo da utilização deste símbolo em heraltica alemã nos dias atuais é o brasão da Sua Santidade, papa Bento XVI.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Brasão da Família Ciulla

Descobri uma relação do Brasão da Família Ciulla com a bandeira da Sardenha.

As tres cabeças mouras cortadas que aparecem no brasão da nossa família também aparecem na bandeira da Sardenha. A Sardenha é uma ilha do Mar Mediterrâneo ocidental situada a oeste da Península Itálica e sul da Córsega. Desde 28 de fevereiro de 1948 que administrativamente é uma região italiana autônoma.

A bandeira da Sardegna traz uma cruz de São Jorge sobre fundo branco e uma cabeça. São Jorge foi, de acordo com a tradição, um padre e soldado romano no exército do imperador Diocleciano, venerado como mártir cristão. Sua presença na bandeira provavelmente se deve ao seu vínculo com as batalhas. Muitas vezes as vitórias em batalhas eram creditadas a ele.



Quanto as cabeças cortadas e vendadas. De acordo com a tradição espanhola, este simbolo foi criado em comemoração a vitória na batalha de Alcoraz pelo rei Pedro I de Aragão e Navarro em 1096, onde as 4 cabeças simbolizam os arabes derrotados. A tradição sadegna conta que a origem do símbolo data de 1017 e que foi uma estandarte dado pelo Papa Benetito II quando ele convocou a província de Pisa a ajudar a Sardenha na guerra contra os sarracenos liderados por Mujahid al Amiri.


Vou continuar com as minhas pesquisas e assim que eu tiver mais informações eu posto aqui no Blog.